Flores e mandalas

Costumo olhar muito para o céu. Durante o dia procuro o clarão do sol e embora não olhe diretamente para ele, vislumbro seus raios através das nuvens. À noite admiro a Lua, seu movimento, suas fases e a beleza redonda da luminosa lua cheia.

Mas descendo para a Terra,  também vamos encontrar a estrutura circular em quase todas as épocas e culturas da Humanidade, desde as complexas rosáceas das catedrais góticas até as simples ocas dos nossos índios.  Quase sempre numa recriação simbólica do Universo.


Você não se lembra, mas quando bem criança as pessoas que desenhamos são normalmente redondas, grandes bolas que circundam rabiscos de olhos, nariz e boca. Incontáveis gestalts.

Afinal, toda criança é em si mesma o centro do mundo... Lembro que minha pequena no lugar dos olhos desenhava estrelas...  

Um círculo não possui forma, ele é, para mim, a essência da forma. Puro movimento. E é exatamente nesta figura circular que muitas crenças reencontram o sagrado. Em sânscrito, este círculo sagrado é chamado de mandala.

A filosofia oriental me parece ter muita afinidade com a figura do centro como objetivo. Um caminho "daqui para aqui mesmo" onde podemos ler "aqui" como o símbolo da unidade e do desenvolvimento humano. No lamaísmo e na ioga tântrica, a mandala é um instrumento de contemplação, lugar de nascimento dos deuses.

Na obra de C.G.Jung, a mandala é o símbolo da meta, do self, da totalidade psíquica. Em sua experiência clínica, Jung verificou que as mandalas apareciam, frequentemente, nos desenhos de seus pacientes em situações de perturbação e indecisão, representando um esquema ordenador, uma compensação que surgia acima do caos psíquico.  

Existem mandalas maravilhosas, repletas de simbolismos e significados inconscientes, mas quero aqui simplesmente mostrar as mais doces e naturais mandalas - as flores.

Quando posso encho de flores a mandala que fica em minha porta de entrada. Ela representa minha roda da vida me lembrando a acreditar na fluidez, a entender o ritmo: hoje em cima, amanhã embaixo e assim sucessivamente.

Proponho, então, usarmos nossas flores como objetos de meditação, de contemplação do Divino. Ao enxergamos uma flor em toda sua força e beleza, ela pode facilmente se tornar representação do centro do Universo.
Como se encerrasse em si mesma a paz, a calma, a pureza, a liberdade. Um nirvana em uma simples circunferência de pétalas e cores.
Aproveite sempre que possível para desenhar suas próprias mandalas. Podem ser apenas rabiscos, feitos falando ao telefone ou esperando um ônibus. Apenas rabiscos inofensivos mas que por si só te conectam com o fluxo da vida e com o centro de você mesmo. 

Fontes: Memórias, sonhos e reflexões, Ed.Nova Fronteira; Wikipedia

Comentários

  1. O Lamaísmo é mais conhecido como Budismo Tibetano e possui diversas práticas de meditação, entre as quais, as mandalas. Já a Yoga Tântrica, vem da palavra Tantra que significa ritual.

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