Cabeça ou Coração?


Nos primórdios da Medicina tinha-se a certeza de que um corpo humano morria quando o coração parava de bater. A ciência hoje, no entanto, certifica a morte somente após a falência cerebral. Enquanto o cérebro vive e acende suas últimas sinapses é possível que aquele corpo ainda doe seus órgãos e, só assim, doe seu coração. 
Será que este detalhe pode afirmar a supremacia do cérebro? Talvez. Mas há um pequeno detalhe a ser considerado, a primeira divisão celular que ocorre na gestação humana forma o coração. É no pulsar daquela primeira célula, que formará o coração, que inicia a nossa vida fetal.
Dentro deste contexto daria para concluir: nascemos pelo coração e morremos pelo cérebro. A teia de nossa vida se desenha nestas duas pontas aparentemente opostas. O coração nos joga na vida enquanto o cérebro comanda nossa existência.
Viver é andar todo o tempo nesta corda bamba entre razão e emoção. Entre aquilo que o cérebro analisa, planeja, prepara e aquilo que o coração fica sentindo, falando, sussurrando quase nos bastidores.
Agora imagine a sua música preferida, aquela que carrega suas melhores lembranças. Se você ouvir essa música só com a cabeça vai ficar analisando notas, tons e refrão musicais mas ponha o coração para ouvir. Aí você tem junto os berros com que cantou no show, os pulos que deu, as risadas, o perfume de quem estava ao seu lado, a muvuca que apertava seu corpo contra outros corpos.
Tudo bem, essas memórias estão registradas em algum lugar da sua cabeça, mas sem as emoções seriam apenas isso, registros.
O melhor dos mundos seria a gente pensar, sentir e agir, assim, sem sequência mas sintonia. Quando a gente age sem sentir acaba robotizado, automatizado. Quando a gente sente sem pensar, acaba fazendo besteira.
Um cara cabeça dura pode escorregar feio na primeira vez em que se apaixonar. Um cara de coração mole pode se ferrar quando tiver que decidir falar seu primeiro não.
Se um dia você precisar escolher entre a proposta de trabalho milionária em outro país ou o namorado quase perfeito, sua cabeça vai normalmente optar pela conta bancária e aí você precisa entender que dinheiro nenhum no mundo compra abraços verdadeiros. Vai ter que preparar as desculpas para o coração entender a prioridade racional de sua vida.
É assim durante toda a juventude de um ser humano. Ou cabeça ou coração. O equilíbrio demora, dizem que vem com a maturidade e em algumas cabeças de vento não chegam nunca. O ser morre e enterra com ele as racionalidades que viveu durante a vida.
Na psicologia de Carl Jung formamos uma tríade feita de pensamento, sentimento e intuição. Usamos principalmente duas funções e a terceira fica meio escondida, dependendo de cada persona. Penso que quando nossa cabeça faz opção pelo pensamento, os pés deveriam se equilibrar, um no sentimento, outro na intuição e assim sucessivamente.

Por isso não radicalize seu caminhar, aproveite a vida sim, mas na medida do possível analise as situações com a cabeça e procure no coração aquela certeza mínima de que você vai assinar embaixo sua escolha. Seja qual for.
Não precisa ser sempre a razão ganhando e o coração perdendo ou vice-versa. Aprenda a dar um tempo naquele ou oito ou oitenta. Aprenda que não existem decisões certas mas sim decisões felizes. Em uma cabeça feliz sempre pulsará um coração feliz. Por aqui, um coração pensante em uma cabeça pulsante.

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